Todo verão americano, os cinemas são infestados por uma coleção de adaptações de quadrinhos, animações de todas as qualidades e comédias pueris, geralmente ingênuas e adolescentes. Por isso a crítica se espanta e o público se empolga ao presenciar filmes para adultos, como “A origem”, que estreia nesta sexta-feira (6) na temporada.
O filme tem permanecido no topo da bilheteria americana desde que estreou, há três semanas, mesmo com a estreia de filmes como “Salt”, com Angelina Jolie, e já provoca especulações sobre as chances no Oscar. Além disso, se mantém entre os assuntos mais comentados no mundo inteiro há dias no Twitter, com ênfase nas segundas-feiras, quando é normal que chegue ao topo.
Claro que o filme não chega a ser uma obra de desconhecidos. Dirigido e escrito por Christopher Nolan, responsável pelos últimos dois filmes da franquia "Batman", “Inception” (título original) tem um elenco dos sonhos. É encabeçado por Leonardo Di Caprio e conta com a canadense Ellen Page, o japonês Ken Watanabe, o inglês Michael Caine e a francesa Marion Cotillard. Todos foram, pelo menos, indicados ao Oscar. Os dois últimos já levaram a estatueta para casa. Além deles, ainda há Joseph Gordon-Levitt (de “500 dias com ela”), Cillian Murphy (de “Cavaleiro das trevas”) e o veterano Tom Berenger.
Mas é a trama o que mais tem chamado a atenção no filme. “A origem” levanta questões parecidas com as que “Matrix”, dos irmãos Wachowski, e “eXistenZ”, de David Cronenberg, fizeram já no longínquo ano de 1999. Os três, com toques de cinema de ação – “Matrix” com kung fu, “eXistenZ” com uma estética de videogame, e “A origem”, com o clássico filme de assalto perfeito - fazem o espectador duvidar da realidade ao sair das salas de cinema.
Na história, Cobb (Di Caprio), um ladrão que atua nos sonhos de suas vítimas, é contratado pelo rico empresário Saito (Watanabe) para, em vez de roubar o pensamento de uma pessoa, colocar uma ideia na cabeça de seu adversário (Murphy). Cobb vai pedir a benção e a ajuda ao seu mentor (Caine) para montar sua equipe de peritos em construir realidades oníricas e assaltar mentes adormecidas.
E tome referência à psicanálise, com projeções nos sonhos, subconscientes incontroláveis, aprisionamento de lembranças ruins. Mas se o filme mexe com a cabeça também dos espectadores, para um observador mais crítico o detalhe mais culto fica parecendo apenas um verniz intelectual para acompanhar o filme verdadeiro, que não passa de uma história sobre um crime que se pretende perfeito.
Claro que, em se tratando de Nolan, podemos, ao menos, esperar um filme de bom gosto e que, após os bem-sucedidos filmes de Batman, conta com uma produção generosa. Por isso, vemos efeitos especiais incríveis que entortam qualquer lógica e locações elegantes, como palacetes japoneses e montanhas brancas de gelo. O problema é que a gangorra entre o blockbuster e o filme de ação é um pouco desequilibrada. Mas que vale a pena ser conferida. Até duas vezes, para prestar a atenção em todos os detalhes.
Sinopse:
Em um mundo onde é possível entrar na mente humana, Cobb (Leonardo DiCaprio) está entre os melhores na arte de roubar segredos valiosos do inconsciente, durante o estado de sono. Além disto ele é um fugitivo, pois está impedido de retornar aos Estados Unidos devido à morte de Mal (Marion Cotillard). Desesperado para rever seus filhos, Cobb aceita a ousada missão proposta por Saito (Ken Watanabe), um empresário japonês: entrar na mente de Richard Fischer (Cillian Murphy), o herdeiro de um império econômico, e plantar a ideia de desmembrá-lo. Para realizar este feito ele conta com a ajuda do parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt), a inexperiente arquiteta de sonhos Ariadne (Ellen Page) e Eames (Tom Hardy), que consegue se disfarçar de forma precisa no mundo dos sonhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário