Sabe-se que a sólida formação psicanalítica passa pelo domínio
teórico-técnico dos principais constructos conceituais, formulados por seu
fundador: Sigmund Freud. A primeira série de estudos que Freud empreendeu tem
uma importância particular ao desenvolvimento posterior de sua obra e produção,
pois contém, resumida e potencialmente, hipóteses e princípios fundamentais que
justificariam a psicanálise como um todo. No filme "Freud, além da
alma", produção norte-americana de 1962, dirigida por John Huston, tem-se
uma biografia romanceada do pai da psicanálise, mostrando sua trajetória de
elaboração da teoria psicanalítica. O filme reconstrói a vivência e as
descobertas de Freud, em Paris e na cidade de Viena, entre os anos de 1885 e
1890.
Retratando de modo introspectivo a maneira como a vida
pessoal de Sigmund Freud e as formulações psicanalíticas se desenvolvem em boa
parte a partir dos estudos e experiências pessoais de Freud.
Assim, com seu interesse pela histeria Freud, inicia um
questionamento dos métodos até então empregados, considerando a histeria como
uma psiconeurose onde a divisão da mente ocorre devido aos conflitos entre vida
repr esentacional e um conteúdo reprimido. Logo Freud se vê atraído pelos estudos
de Charcot e a aplicação de hipnose no
tratamento e observação da ação dos sintomas da histeria.
Em parceria com Breuer, Freud vem a elaborar a relação
dos mecanismos psíquicos da histeria e lembranças reprimidas, algo que mais
tarde viria a fomentar a teoria do trauma, contudo utilizando se da hipnose e
do método catártico, Freud e Breuer observação o papel da repressão ao
aplicarem tais métodos em um jovem que apresentava uma repulsa a água.
Certos aspectos da vida pessoal de Freud começam a dar
forma também à suas teorias quando em uma sessão com um jovem que durante o
transe hipnótico diz desejar cometer parricídio, por amar a própria mãe, Freud
começa a ter sonhos estranhos que de certa forma o colocam na mesma situação,
elementos estes que mais tarde dariam forma ao Complexo de Édipo e a Teoria dos
Sonhos.
Contudo, após o conflito pessoal com tais ideias, Freud
retoma os estudos com histeria, e postula que as neuroses estariam todas relacionadas
com traumas de cunho sexual. Breuer se opõem a teria da sexualidade de Freud já
neste momento, mesmo ela ainda não tendo tomado toda sua formulação.
Quando a paciente desenvolve uma gravidez psicológica
direcionada por seus sentimentos pro Breuer, este se afasta do tratamento
deixando-a aos cuidados de Freud, contudo é possível notar que a projeção de
sentimentos da paciente por Breuer ais poucos vão sendo direcionadas para
Freud, sendo caracterizada a transferência, fantasias que a jovem tinha pelo
pai e foram sendo projetadas em Breuer e Freud.
Se afastando e vez dos métodos de hipnose e catártico,
Freud começa a aplicar o método de associação livre e mesmo se autoanalisando
percebe sempre o fator sexual sempre presente na formação infantil. Com isso
passa a caracterizar elementos simbólicos além da teoria do trauma, o que por
si vem a gerar questionamento quando a conduta das figuras genitoras e o
desenvolvimento sexual e a divisão das fases na infância, dando vasão a teoria
da fantasia, no momento em que Freud nota que suas lembranças referentes ai
pai, que havia falecido a pouco e o sentimentos projetados da paciente
caracterizam não um trauma sexual factual, mas uma fantasia ou desejo reprimido
tendo como fonte de erotização os pais.
Com isso, tais descobertas vêm a colocar ainda mais a
sexualidade no centro de sua linha teórica, pontuando o papel sexual desde cedo
na infância, diretamente logo após o nascimento onde a associação de um afeto
de satisfação biológica (a alimentação) e o contato e afago da mãe fundamentam
a ação da pulsão e da libido.
Assim o conflito com Breuer e a resistência da visão
puritana da época são inevitáveis, as teorias de Freud são recebidas com
resistência, sendo até a postura irônica por parte dos médicos do conselho uma
analogia direta a formulação do conceito de repressão e resistência no aparelho
psíquico. Contudo Freud expõe a visão de que a criança possui o desejo sexual
direcionado à mãe porem encara o pai como um oponente, citando Édipo, sendo
também implícitos os conceitos das fases do desenvolvimento sexual (Oral, anal,
fálica e genital).
A obra pontua, mesmo que em determinados momentos de uma
forma não linear de acontecimentos e mais romantizada, toda a postulação
inicial das teorias psicanalíticas, mesmo deixando em aberto que haveria muito
mais a ser produzido por Freud, finaliza com uma analogia a um encontro
introspectivo, onde Freud adentra o cemitério onde o pai esta sepultado, sendo
que antes lhe era impossível entrar por estar em conflito com conteúdos
psíquicos que lhe produziam um sintoma histérico diante da ideia do pai morto e
seus desejos parricidas.
1885. Enquanto a maioria de seus colegas se recusa a tratar a histeria acreditando tratar-se simulação, Sigmund Freud (Montgomery Clift) faz avanços usando a hipnose. Sua principal paciente é uma jovem que não bebe água e é atormentada diariamente pelo mesmo pesadelo.
Jean-Paul Sartre escreveu um roteiro para o filme a pedido do diretor, John Huston. Seu texto foi rejeitado por ser muito longo e acabou publicado como livro: "The Freud Scenario". Sartre queria que Marilyn Monroe interpretasse Cecily Koertner.
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